Os erros de Marx e do Marxismo

Jo Pires-O’Brien

O Marxismo inclui os erros de Karl Marx (1818-83) e o de seus intérpretes. Um dos principais erros de interpretação de Marx é a ideia de que o mesmo se trata de uma ciência. Um dos intérpretes de Marx traduziu incorretamente a palavra alemã ‘Wissenshaft’ que Marx havia usado em relação à história, como ‘ciência’, quando a palavra correta em alemão para ciência é ‘Naturwissenshaft’. Assim, Marx possivelmente não quis dizer que sua tese era uma ‘ciência’ mas sim ‘um corpo de conhecimentos sobre a história’.

Embora Marx tivesse descrito a sua teoria política socialista como sendo um ‘materialismo dialético’, o adjetivo ‘dialético’ não significa ‘método científico’ conforme sugerido por alguns dos seus intérpretes. Embora a filosofia clássica se refere ao método da dialética que consiste em juntar e ordenar materiais à fim de gerar uma proposição lógica ou tese, a dialética que Marx empregou foi aquela usada na filosofia moderna pelo filósofo de Georg William Friedrich Hegel (1770-1831) para explicar o modo de desenvolvimento dinâmico da história de acordo com evoluções sucessivas de sínteses resultantes de choques entre teses e antíteses.

Marx foi o terceiro filósofo de renome a utilizar a dialética Hegeliana. Antes dele vieram Ferdinand Baur (1792-1860) que a empregou para explicar a evolução das religiões e o aperfeiçoamento do cristianismo, e Ludwig Feuerbach (1804-72), que viu Deus como sendo uma projeção humana cujos atributos de razão e amor são também essencialmente humanos. Marx adaptou a dialética Hegeliana para a história da economia a fim de criar a sua ‘concepção materialista da história’, ‘materialismo histórico’ ou ‘materialismo dialético’ – uma ‘ciência’ das leis gerais do movimento do mundo exterior onde a explicação do mundo é feita com base exclusivamente na matéria (excluindo a religião e o supernatural).

A partir dessa tese do desenvolvimento dinâmico da história econômica de acordo com evoluções sucessivas de sínteses resultantes de choques entre teses e antíteses, Marx criou as suas duas ‘leis’ sobre o sistema econômico, a lei da concentração de capital e a lei da incrementação da miséria, a partir das quais ele profetizou que a humanidade caminhava numa trajetória que ia do feudalismo ao socialismo, passando primeiro pelo capitalismo:

À medida que os capitalistas se tornam cada vez mais ricos, a quantidade dos mesmos diminui e a quantidade de trabalhadores fica cada vez maior. A miséria destes últimos fará com que se tornem revolucionários radicalizados. A revolução social que irão gerar destruirá todos os capitalistas e em consequência disso a paz na terra será restituída.

Apesar de altamente inteligente e capaz, Marx cometeu muitos erros na sua teoria socialista. O Capital, a sua obra seminal, falhou em pormenorizar como a revolução do proletariado deveria ser conduzida, e como o governo do proletariado deveria redistribuir terras e bens, evitando a emergência de uma nova classe dominante. Os enormes intervalos entre o ‘Manifesto Comunista’ e publicação dos dois volumes de O Capital, também geraram uma série de erros de interpretação que permaneceram na ideologia Marxista.


Jo Pires-O’Brien é a editora de PortVitoria: www.portvitoria.com – revista eletrônica dedicada às comunidades falantes de português e espanhol de todo o mundo.

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8 comentários sobre “Os erros de Marx e do Marxismo

    1. Fala sim, mas como a PNL diz, várias pessoas em frente a um mesmo dado vão distorcê-lo para que ele se encaixe nas suas crenças. Os esquerdistas fazem isso sempre, distorcem, generalizam e omitem os dados para que eles confirmem as suas crenças. Temos de lidar com esquerdistas da mesma forma que lidamos com fanáticos de uma seita. Marxismo é uma religião, não ciência. O teu comentário só confirma isso.

  1. Gabriel Sena, em que parte do mundo o Marxismo (socialismo) deu certo? Em lugar nenhum. Nada na teoria de Karl Marx se concretizou. A referida teoria é uma fraude em si mesma.

  2. Ótimo texto. Eu fui perceber a seriedade que o marxismo representava só agora com quase 30 anos.E podemos ver que os planos dele estão aparecendo na sociedade brasileira, a desconstrução da família tradicional,a legalização da pedofilia, isso é um absurdo. Vou recorrer a um exemplo recente, o caso da criança tocando no corpo de um homem nu no museu de SP. O mais constrangedor foi que a mãe aceitou levá-la até lá, e boa parte dos artistas, emissoras, como a Globo apoiaram, e estão chamando de censura o fato da maior parte da população ter se indignado.

  3. Realizar crítica sem argumentar ou demonstrar, também não é ciência. Mas, sim, crença e convicções pessoais. Eu realmente não vi no texto nenhuma argumentação que prove que Marx estava errado. Pelo contrário. A citação mencionada desconheço, inclusive não é citada qual é a obra. A explicação de Marx sobre o Capital e suas contradições, de forma alguma, afirma que o aumento da miséria gerará a revolução por si mesma e que necessariamente chega-se ao socialismo. Isto é uma leitura completamente equivocada da obra. Quanto o socialismo “não dar certo”. Primeiro, socialismo é a forma de transição do capitalismo para o comunismo, e só poderia acontecer segundo Marx, se for internacional e se houve desenvolvimento das forças produtivas suficiente. Exatamente, por não contemplar estas condições o socialismo implantado teve seus limites e se degenerou. Porém, mesmo assim, na Rússia, foi capaz de retirar o país da miséria, analfabetismo e precário desenvolvimento das forças produtivas e alçá-la a segunda potência mundial. Para quem defende o comunismo, isto seria “não dar certo”. Mas, para quem defende o capitalismo, não consigo entender como não deu certo.
    A completa ignorância sobre os processos e condições históricas de cada uma das revoluções, levam apenas a palavras de refutamento sem nenhum argumento plausível.

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