Sem picadinho, sem novilíngua

Jo Pires-O’Brien

Resenha do livro Fools, frauds and firebrands. Thinkers of the New Left (Tolos, fraudes e incendiários. Pensadores da Nova Esquerda), de Roger Scruton. London, Bloomsbury, 2015.

O que é Esquerda? O que é Direita? O que é Nova Esquerda? Essas são algumas das perguntas que Roger Scruton explora no seu livro Fools, frauds and firebrands (Tolos, fraudes e incendiários, inédito em português). Esse título abrasivo está, sem dúvida, relacionado com o permanente confronto do autor com a Nova Esquerda. Nele, Scruton descreve como os acadêmicos e outros intelectuais da Nova Esquerda se empoderaram, unindo-se contra o inimigo comum – o capitalismo e sua burguesia –, bem como adotando um linguajar idiossincrático próprio, semelhante ao newspeak da fictícia sociedade totalitarista de George Orwell. Contrariamente àquilo que o provocante título possa sugerir, o tratamento de Scruton à Nova Esquerda é mais bondoso do que o tratamento que ele recebeu dos partidários desta, os quais puseram nele o rótulo calunioso de ‘sectarista da direita’. No seu estilo franco, sem picadinho ou newspeak, Scruton disseca o irracionalismo por detrás do ataque da Nova Esquerda a tudo aquilo que torna a sociedade possível – propriedade, costumes, hierarquia, família, negociação, governo e instituições –, mostrando que tal ataque tem sido feito na crença de que o mesmo vai levar a uma sociedade com absoluta igualdade. Ele também sublinha a injustiça da Nova Esquerda em comparar a sua perfeita sociedade imaginada com a sociedade real.

Qualquer pessoa de fora que esteja familiarizada com o liberalismo britânico ficaria chocada em descobrir que o livro de Scruton, Thinkers of the New Left, publicado em 1985, sua primeira tentativa de perseguir este assunto, foi retirado das livrarias pela editora devido à pressão recebida do establishment acadêmico. Qualquer semelhança disso com os julgamentos de hereges do Antigo Regime deve-se ao fato de que a ideologia da Nova Esquerda gozou um status dogmático parecido. Entretanto, o dogmatismo da Nova Esquerda dissolveu-se três anos depois com a queda do Muro de Berlim, que desencadeou o processo de desintegração da antiga União Soviética. Scruton conecta os dois eventos quando afirma que decidiu reescrever o livro em 1989, momento no qual ‘as pessoas começaram a perceber que nem tudo o que foi dito, pensado ou feito em nome do socialismo foi intelectualmente respeitável ou moralmente certo’.

Num capítulo especial, Scruton examina como a Nova Esquerda desenvolveu a sua ‘consciência revolucionária’ que causou as guerras da cultura da década de 1980. O processo retroage à década de 1960, quando o desaparecimento da real classe dos trabalhadores na Grã-Bretanha e noutras partes do Ocidente criou as condições perfeitas para a Nova Esquerda emergir. Primeiro, os intelectuais procuraram ser reconhecidos como membros honorários da classe dos trabalhadores e, em seguida, começaram a fazer uma revolução em nome desta, a ser travada no mundo dos livros. Eis como Scruton a descreve:

Pela primeira vez era possível observar de perto a ‘consciência revolucionária’, sem incorrer em nenhum risco de violência, tirando a violência das palavras. Em particular, era possível observar a rapidez e a destreza com que a mensagem da esquerda era envolvida em dogma, quão energeticamente os novos revolucionários levavam adiante o negócio de inventar perguntas falaciosas, polêmicas inúteis e pedantismos arcanos, a fim de desviar quaisquer interrogações intelectuais para longe das perguntas fundamentais, cuja necessidade emocional implorava um favorecimento, incluindo a questão da própria revolução: o que é exatamente uma revolução e para que serve?

Ao descrever o surgimento da Nova Esquerda na Grã-Bretanha, Scruton reflete sobre as idiossincrasias da sociedade britânica que facilitaram o processo, tais como a tradição britânica de tratar os historiadores como líderes no mundo das ideias e a sua tradição ímpar de crítica social e literária. Ele lembra mudanças nas instituições de ensino superior britânicas tão cedo quanto 1964, as quais, em sua opinião, marcaram a transição da Velha Esquerda para a Nova Esquerda. Scruton também descreve as opiniões dos socialistas britânicos mais influentes da época, tais como escritor e crítico galês Raymond Williams (1921-88), e os historiadores socialistas que forneceram versões socialistas da Revolução Industrial. Essas mudanças marcaram o início da revolução intelectual pelo controle da cultura. Na Grã-Bretanha, tais mudanças concentraram-se nos departamentos de humanidades, nos quais o antigo currículo, baseado nos padrões objetivos do Iluminismo, foi aos poucos substituído por um currículo pós-moderno guiado pelo consenso.

Scruton também descreve os primeiros dias da Nova Esquerda em outros países. Na Alemanha, os principais condutores da Nova Esquerda foram os professores e pensadores afiliados ao Instituto de Pesquisa Social da Universidade de Frankfurt. A Escola de Frankfurt, como é melhor conhecida, foi a pioneira na ideia do ‘humanismo marxista’. Embora tivesse sido fechada em 1933 pelos nazistas, apenas três anos depois de ter sido fundada por Max Horkeheimer (1895-1973), ela sobreviveu através da cooperação com universidades nos Estados Unidos, voltando a funcionar em Frankfurt em 1951. Além de Horkeheimer, a Escola de Frankfurt incluiu muitos dos grandes nomes da Nova Esquerda como Herbert Marcuse (1898-1979), Erich Fromm (1900-80) e Theodor Adorno (1903-69). Scruton critica o fato de os membros da Escola de Frankfurt que tiveram a oportunidade de continuar as suas carreiras no ensino superior nos Estados Unidos não terem retribuído com a mesma moeda. Horkeheimer e Adorno deslancharam um ataque sem descanso ao Iluminismo, proclamando que o mesmo era um produto do raciocínio burguês, enquanto que Marcuse denunciou a ‘repressiva tolerância’ dos Estados Unidos e ‘o universo totalitário do racionalismo tecnológico’. Jürgen Habermas (1929-), o representante ainda vivo da Frankfurt School, é exonerado de culpa por ter sobrepujado a sua agenda absurda.

A avaliação que Scruton faz da Nova Esquerda nos Estados Unidos ressalta o pragmatismo de Richard Rorty (1931-2007) e de Edward Said (1935-2003), encapsulados por um conjunto de ideias relativistas segundo as quais ‘não importam as velhas ideias de objetividade e verdade universal, pois tudo o que importa é aquilo que foi concordado.’ Segundo Scruton, tanto Rorty quanto Said puseram dúvidas na mente americana e tentaram subtrair da herança cultural americana a crença em sua própria legitimidade. Rorty introduziu a ideia de um currículo novo e pós-moderno, para substituir o currículo antigo baseado no Iluminismo. No caso de Said, Scruton afirma que ele menosprezou e envenenou a maneira como o Ocidente retratou o Oriente, contudo nunca considerou a maneira como o Oriente retratou o Ocidente. Os ataques de Said incluíram não apenas os especialistas vivos, mas todo o saber ocidental, o que Scruton apresenta como uma evidência da miopia de Said. Entretanto, o que aconteceu no final das contas foi que o livro seminal de Edward Said, Orientalism, foi posteriormente exposto como sendo resultante de um estudo mal conduzido, quando Robert Irwing expôs seus erros, descuidos e mentiras descaradas. Scruton completa a sua crítica a Rorty e Said, mostrando os ótimos exemplos de Estudos Orientais que vieram do Iluminismo: a tradução francesa do livro As Mil e Uma Noites, feita por Antoine Galland em 1717, a tradução alemã da coleção de poemas persas West-Östlicher Diwan, feita por Johann Goethe, e a tradução inglesa do livro Rubaiyat, de Omar Khayan, por Edward FitzGerald. Scruton complementa seus exemplos, citando a dedicação de sir William Jones para preservar a poesia persa e árabe e a elaboração do seu estudo pioneiro sobre as línguas indianas.

A avaliação que Scruton faz da Nova Esquerda inclui a construção de sua própria marca, diferente da marca da Velha Esquerda. Ele também aponta duas coisas importantes que a Nova Esquerda preservou da Velha Esquerda: o hábito de criar cultos em torno de figurões e o linguajar. Após reconhecer a necessidade de um líder representativo exclusivo, os teóricos da Nova Esquerda escolheram Antonio Gramsci (1891-1937), um comunista revolucionário italiano que foi preso pelo governo fascista, de 1926 até a sua morte aos 46 anos de idade. Houve motivos que fizeram com que escolhessem Gramsci em vez de outro qualquer. O primeiro foi a ideia da ‘práxis revolucionária’ de Gramsci com a qual ele nutria a esperança de criar uma nova e objetiva cultura hegemônica que substituísse a cultura burguesa. Em resumo, a ideia de Gramsci consistia em dar prioridade à ‘prática’ sobre a ‘teoria’ e encaixava-se bem com a mensagem que a Nova Esquerda queria expressar. O segundo foram as circunstâncias da morte de Gramsci numa prisão fascista, um fato que dá crédito ao espectro político concebido pela Nova Esquerda, no qual o comunismo está localizado numa extremidade e o fascismo na outra. Tudo o que a Nova Esquerda precisava fazer para que o culto em torno de Gramsci pegasse era exagerar as suas credenciais.

A existência de um espectro político, no qual a extremidade ‘Esquerda’ é o presumido domínio de todas as coisas ‘intelectualmente respeitáveis ou moralmente corretas’ e a extremidade ‘Direita’ o presumido domínio do oposto, é um disparate total para Scruton. Numa tentativa de jogar alguma luz sobre o tópico, Scruton mostra como os termos ‘Esquerda’ e ‘Direita’ se originaram, nos primeiros dias da França pós-revolucionária. Quando a possibilidade de transformar a França numa Monarquia Constitucional estava sendo considerada, os Estados Gerais, uma entidade representativa do clero (Primeiro Estado), da nobreza (Segundo Estado) e do povo comum (Terceiro Estado), que não se reunia desde 1614, foi reconvocada. Na Assembleia de 1789, os representantes do povo sentaram-se à esquerda do Rei Luís XVI, enquanto que os demais sentaram-se à sua direita. Esse evento marcou o início da associação da Esquerda com o povo e da Direita com a elite. Desde então, muitos truques foram empregados para esticar o significado da Esquerda para incluir anarquistas, marxistas dogmáticos, niilistas e liberais do estilo americano, e, para juntar, na Direita, fascistas, nazistas e liberais econômicos. Scruton fecha o seu argumento, relevando o denominador comum que une o comunismo e o fascismo:

O comunismo, como o fascismo, envolvia a tentativa de criar um movimento popular de massa e um Estado que fossem unidos sob um partido único no qual há uma coesão total em torno de um objetivo comum. Envolvia a eliminação da oposição, por qualquer meio, e a substituição da disputa ordenada entre partidos pela ‘discussão’ clandestina dentro de uma única elite governante. Envolvia assumir – ‘em nome do povo’ – o controle dos meios de comunicação e educação, e incutir uma base de comando através da economia.

Uma linguagem especial e idiossincrática é a outra característica que a Nova Esquerda preservou da Velha Esquerda. Scruton a descreve como “um desdenhoso linguajar marxista criado para denunciar, exortar e condenar”. Ele também busca mostrar as similaridades entre o linguajar da Nova Esquerda e o newspeak, a língua oficial do país Oceania, no livro de Orwell, Mil Novecentos e Oitenta e Quatro. Scruton descreve o newspeak como “uma nova língua fortificada, criada com o propósito de criar uma ‘política de verdade’ a ser empregada no lugar da verdade em si.” Esse linguajar, de acordo com Scruton, inclui o efeito maniqueísta em palavras, a fim de enganar as pessoas, fazendo com que pensem que só há duas alternativas, como na manipulação do significado de certas palavras como ‘capitalismo’ e ‘burguesia’. Ao apresentar a palavra ‘capitalismo’ como um sinônimo de exploração, a Nova Esquerda arranja uma desculpa para condenar economias livres. Ao apresentar a palavra ‘burguesia’ como ‘uma classe hegemônica de pessoas com propriedade que controlam os meios de produção e, por assim fazer, exploram a classe dos trabalhadores ou proletariado’, a Nova Esquerda justifica a sua chamada para a guerra entre classes. Scruton admite que muitas das coisas erradas da sociedade britânica identificadas pela Nova Esquerda são verdade, mas ele objeta à forma através da qual a Nova Esquerda descreve tais erros, arranjando as acusações de uma maneira tal que não deixa nenhum espaço para a defesa, quer pelas pessoas apontadas quer pelo sistema no qual tais erros estão inseridos.

O ponto central que Scruton acentua em Fools, frauds and firebrands é que a Nova Esquerda não está comparando coisa com coisa quando justapõe o seu projeto contra a Civilização Ocidental. A Grã-Bretanha pode ter muitas falhas, mas é uma sociedade real. Não é o caso do ‘Reino dos Fins’ (Kingdom of Ends), termo que Scruton usa para descrever a sociedade de perfeita igualdade imaginada pela Nova Esquerda.

Ele termina o seu livro defendendo a sua posição de que a Grã-Bretanha deve permanecer como é e apontando que quaisquer melhorias devem vir de dentro. Melhorias devem ser feitas através do aperfeiçoamento das sociedades civis, das instituições e da personalidade. Por sociedades civis, Scruton quer dizer os pequenos pelotões que existem em todo o país, tais como bandas de música, grupos de estudos, corais, clubes de críquetes, danças, clubes de férias etc. Como exemplos de instituições, Scruton cita organizações profissionais, tais como os ‘Inns of Court’, quatro organizações da profissão do direito na Inglaterra, embora essas sejam também sociedades civis. Por personalidade, Scruton quer dizer a agência e a responsabilização dos indivíduos e das instituições que os acolhem. A despeito de sua antipatia pela terminologia do espectro político, Scruton descreve o que a Direita representa:

A Direita baseia a sua defesa na representação e na lei. Advoga instituições autônomas que medeiam entre o Estado e o cidadão, e uma sociedade civil que cresce de baixo para cima sem pedir permissão aos seus governantes. Enxerga o governo da mesma forma que todas as questões responsabilizáveis: não como uma coisa, mas como uma pessoa. Tal governo responde a outras pessoas: ao cidadão individual, às corporações e a outros governos. É também responsabilizável perante a lei. Tem direitos contra os cidadãos individuais, mas também deveres para com os mesmos: é tutor e companheiro da sociedade civil, o objeto das nossas piadas e o ocasional recebedor da nossa irritação. Situa-se perante nós numa relação humana, e essa relação é mantida e vindicada pela lei, perante a qual apresenta-se como uma pessoa dentre outras, em pé de igualdade com aqueles que estão também sujeitos à sua soberania.

Tal Estado tem como acomodar e barganhar. Reconhece que é obrigado a respeitar as pessoas não apenas como um meio mas como fim por si próprias. Tenta não liquidar a oposição, mas acomodá-la, e os socialistas têm também um papel nesse processo, desde que reconheçam que nenhuma mudança, nem mesmo as mudanças em suas direções preferidas, é ou deve ser irreversível.

Muitas das ideias do livro Fools, frauds and Firebrands de Scruton serão cuidadosamente consideradas pelos seus admiradores do Leste Europeu e da América Latina, muito embora ele o tenha escrito pensando na Grã-Bretanha. Scruton deseja preservar a Grã-Bretanha, porque ele a ama e porque acredita que merece ser preservada. Ele também acha que, caso a ideologia da Nova Esquerda se torne realidade, o resultado será a escravidão. A chamada de Scruton para preservar a sociedade não exclui microajustes. Entretanto, antes de se decidir quais ajustes são necessários, as pessoas precisam compreender os dois componentes básicos da sociedade: o Estado e a sociedade civil. Na visão de Scruton, a sociedade civil é que deve aplicar mudanças ao Estado e não o contrário. Assim sendo, todas as mudanças devem vir de baixo para cima, a partir de mudanças dentro das pessoas. Somos nós que precisamos mudar para uma vida que leve ao autoconhecimento, o qual por sua vez nos permitirá reconhecer que a nossa felicidade depende do desejo das coisas certas, ao invés das coisas que capturam a nossa atenção ou que inspiram a nossa luxúria. Tais sugestões ressonam como ideias frequentemente associadas com a Esquerda e, por conseguinte, ilustram o contrassenso do espectro político.

Scruton não acha que tudo o que os pensadores da Nova Esquerda escreveram está errado. Em sua avaliação de Gramsci, por exemplo, embora Scruton tivesse qualificado a obra deste como uma ‘sociologia do bom senso’ ao invés de filosofia de ponta, ele reconheceu nele uma ‘franqueza que os marxistas ortodoxos não tinham’. Para Scruton, Gramsci ‘foi enfraquecido pelo repúdio da própria noção de objetividade e pela obra essencialmente negativa do professorado na América’. Essa visão sugere que Scruton entendeu Gramsci melhor do que aqueles que o glorificaram.

Fools, frauds and firebrands de Roger Scruton é produto do embate de toda uma vida do autor contra a Nova Esquerda e a nova ordem de coisas que a Nova Direita buscou introduzir na Grã-Bretanha. Scruton viveu consideráveis tormentas em resultado desse embate, e isso pode explicar o veio de pessimismo que ele revela no final desse livro, sob a forma de perguntas deixadas sem respostas. Se os professores das universidades mais prestigiadas do Ocidente podem se enganar dessa forma, que esperança pode haver para o restante da humanidade? Se a espécie humana possui uma carência religiosa intrínseca que nenhum pensamento racional consegue vencer, por acaso isso não torna todos os argumentos sem significado? Se as pessoas são muito mais predispostas ao abstrato do que ao concreto, qual é o ponto em defender aquilo que é meramente real? Essas perguntas servem como alimento de reflexão para todos aqueles que amam o seu país e desejam preservá-lo. Talvez fosse isso o que Scruton tinha em mente quando as formulou.

                                                                                                                                                            

Jo Pires-O’Brien edita a revista digital  PortVitoria, sobre a cultura ibérica e sua diáspora no mundo.O seu e-book O homem razoável (2016), uma coletânea de 23 ensaios sobre temas atemporais e contemporâneos, está disponível na www.amazon.com e noutros portais da Amazon ao redor do mundo.

Agradecimento: Débora Finamore, revisora

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